JOACHIM DU BELLAY
Joachim du Bellay (c. 1522 - 1 de janeiro de 1560) foi um poeta francês, membro da La Pléiade.
Nasceu por volta de 1522 em Liré, no Château de la Turmelière, na região de Anjou. Naquela época, Francisco I era rei da França e o Renascimento estava em plena expansão, principalmente em termos de cultura e arte. Ele pertencia a uma família de nobreza antiga e ficou órfão aos 10 anos. Em 1547, enquanto estudava na Universidade de Poitiers, ele fez amizade com Pierre de Ronsard. Juntos, eles foram para o Collège Coqueret em Paris, onde o helenista Jean Doratele descobriu autores clássicos greco-latinos e poesia italiana. Em torno dele formou-se o grupo poético que será conhecido em princípio como La Brigada e depois como La Pléiade.
(...)
Biografia completa em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Joachim_du_Bellay
"Si nostre vie…"
Si notre vie est moins qu'une journée
En l'éternel, si l'an qui fait le tour
Chasse nos jours sans espoir de retour,
Si périssable est toute chose née,
Que songes-tu, mon âme emprisonnée?
Pourquoi te plaît l'obscur de notre jour,
Si pour voler en un plus clair séjour,
Tu as au dos l'aile bien empanée?
Là, est le bien que tout esprit désire,
Là, le repos où tout le monde aspire,
Là, est l'amour, là, le plaisir encore.
Là, ô mon âme au plus haut ciel guidée!
Tu y pourras reconnaître l'Idée
De la beauté, qu'en ce monde j'adore.
REVISTA DE POESIA E CRÍTICA. Ano VI No. 8. Setembro 1982. Diretor responsável: José Jezer de Oliveira. Brasília: 1982.
Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos:
CXIII
Se é menos do que um dia a nossa vida
na eternidade, e o tempo em retirada,
não voltará jamais nesta jornada;
se é certo o fim da coisa já nascida,
que sonhas tu, minh´alma aprisionada?
Por que esta fosca luz por ti é querida,
se para voar à fúlgida guarida
a asa trazes no dorso aparelhada?
Lá fica o bem que o espírito deseja,
lá o repouso que todo mundo almeja,
lá fica o amor, e fica lá o prazer.
Lá, ó alma ao mais alto céu subida,
a Ideia poderás reconhecer
da beleza, que adoro nesta vida.
TRADUÇÃO
por JOSÉ JERONYMO RIVERA
REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. Ano 2,
Número 4, jul./dez., 2020. Brasília. DF: Editora Cajuína,
2020. 139 p. ISSN 2674-8495
LAMENTOS – V
Os que vivem a amar hão de amores cantar,
Os que amam a honraria exaltarão a glória,
Os que estão junto ao Rei cantar-lhe a Vitória,
Os que são cortesãos, seus favores louvar,
Os que às artes são fiéis, das ciência vão falar,
Os virtuosos, zelar pela própria memória,
Os que ao vinho se dão, dele dirão a história,
Os que são do lazer vão fábulas criar.
Os que só pensa mal vão os justos denegrir,
Os menos imbecis irão fazer-nos rir,
Os mais valentes vão celebrar seu valor,
Os contentes de si hão de gabar-se, enquanto
Os dados a adular farão de um diabo um santo:
Eu, que sou infeliz, vou chorar minha dor.
A IDEIA
Se é, no eterno, menor que uma jornada,
A vida, se o ano que agora principia
Nos rouba inexorável cada dia,
Se é perecível cada coisa nada.
Com que tu sonhas, alma aprisionada?
Por que te apraz a nossa luz sombria,
Se para voar à proteção sadia
Tens em teu dorso uma asa afeiçoada?
Lá mora o bem que o espírito deseja,
Lá, o repouso que o universo almeja,
Lá está o amor, e lá o prazer demora.
Lá poderás, ao céu mais alto erguida,
A Ideia ver por fim reconhecida
Do Belo que no mundo, ó alma, adoro.
*
Página ampliada e republicada em agosto de 2023.
*
VEJA e LEIA outros poetas mundo em Português em línguas originais:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html
Página publicada em maio de 2021
|